Mães universitárias enfrentam desafios para conciliar a maternidade com os estudos

Verdadeiras malabaristas de cenários totalmente distintos, sonham com um futuro melhor.

Foto: Nilzete Franco

O dia das mães já passou, mas as reflexões sobre as dificuldades enfrentadas por elas no dia a dia, ficam. Toda mãe quer dar o melhor para seu filho, por isso, muitas mulheres se desdobram entre a vida pessoal, profissional e acadêmica.

Esse é um dos dilemas vivenciados diariamente por jovens como Ketlen Almeida, que atualmente cursa o 5° semestre de Agronomia na Universidade Federal de Roraima (UFRR) e é mãe de Aymê, de 1 ano.

“A minha maternidade foi cercada por julgamentos, desde a gravidez, parto, pós-parto, pois quis ter a minha neném em parto domiciliar humanizado. Em relação a levar ela pra faculdade, tem quem me veja como uma guerreira. Outros como uma ‘mãe boba’, mas eu não dou atenção. Tenho uma linha que quero seguir em relação a criação dela. Enxergo ela como a pessoa que eu quero que ela seja no mundo e ela mesma me inspira, é minha fonte de energia”, comentou Ketlen.

Dessa forma, a estudante faz o possível para ter a filha por perto, regrando a alimentação e tempo de tela, dando mais valor aos livros e brinquedos nesse primeiro contato com a educação.

"Claro que tem desenhos educativos, mas não é o mesmo que dar um livro. Quero que ela se interesse por ler, por conhecer e estudar. Ela estando comigo é muito mais fácil do que eu deixar nas mãos de outras pessoas. Eu prefiro que a Aymê esteja comigo, esteja na sala de aula e tenha esse contato com os estudos desde cedo”.

Segundo uma pesquisa realizada pela Agência Brasil, uma em cada 10 mulheres brasileiras entre 15 e 19 anos, que possuem pelo o menos um filho, continua estudando. No entanto, algumas se excedem dessa maioria, como é o caso de Nilzete Franco, que aos 37 anos com três filhos, decidiu que era hora de ir em busca do “canudo”.

Estudante de Comunicação Social na UFRR, Nilzete Franco divide a vida entre a universidade, a maternidade e o trabalho e mostra que a força para continuar nessa jornada por almejar que os filhos tenham um futuro estável só poderia vir de mulheres cheias de garra, como verdadeiras leoas que protegem seus filhotes.

“Trabalho em horário comercial, de lá vou para a faculdade e quando saio, busco minha ‘filhotinha’, pois sou mãe coruja e quero aproveitar o pouco tempo que tenho com meus filhos. Meu marido trabalha pela manhã e fica com o neném pela tarde, me ajuda muito! Sempre conversamos muito, ele sempre me apoiou e me incentiva muito, pois queríamos dar uma condição melhor pra gente, principalmente para nossos filhos”.

A sociedade contemporânea impõe uma ideia fixa de que a vida precisa ser seguida por degraus: diploma, estabilidade financeira e depois uma família. Mas há quem pule alguns e enfrente isso com a cabeça erguida apesar dos julgamentos, como é o caso de Ketlen e Nilzete.

O apoio e prestatividade de quem está por perto é fundamental nesse processo, ou somente a compreensão já é um diferencial na vida delas, que realizam esses dois papéis e tentam fechar as cortinas com aplausos da sociedade.

Para facilitar a vida de mulheres como Ketlen e Nilzete, existem políticas públicas desenvolvidas na UFRR, como o auxílio-creche que é disponibilizado na forma de crédito mensal e deve ser utilizado para custear parte das despesas do estudante que for responsável legal por criança de até 5 anos, 11 meses e 29 dias de idade.

Esse e outros auxílios podem ser encontrados no site da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis e Extensão (PRAE), pelo link: https://ufrr.br/prae/.

Repórter: Ana Luiza Cardoso.